Óbvio que o tema de hoje seria e será a Copa do Mundo. Não a derrota acachapante do time brasileiro contra o time alemão, que, como vinha dizendo, e deve estar publicado na minha coluna do Sem Censura que chega hoje às bancas da região, o vencedor do jogo desta terça seria o campeão no domingo. E é quase impossível não acreditar nisto depois do que presenciamos ontem, mesmo depois dos excelentes dez minutos que os brasileiros apresentaram no primeiro tempo, até levar o primeiro gol da Alemanha.
Entretanto, como disse, não vou falar do jogo de ontem, e sim, da Copa do Mundo, pois, ainda vejo muita gente (mesmo sendo uma minoria) incrédula com o que faz com os nossos sentimentos “apenas um jogo de futebol”. Pra mim, e pra maioria das pessoas, nós temos como primeira memória, geralmente, alguns poucos fatos da nossa primeira infância, só que também pra mim, e pra maioria, também temos na memória nossa PRIMEIRA COPA, aquela que acompanhamos, ainda que parcialmente, pela primeira vez, nossas famílias unidas, nossos pais com seus amigos e/ou familiares, ou simplesmente nós com os nossos em casa, todos ligados, todos CONECTADOS durante pouco mais de noventa reles minutos, enquanto outro país inteiro, seja em que parte do mundo for, também estará, nestes mesmos reles 90 minutos, acompanhando “apenas” esta partida em especial.
Quando crianças, nossas primeiras lembranças, entre várias delas, quase sempre tem espaço, na nossa mente, “a primeira Copa que assistimos”. É assim com a maioria dos brasileiros. E com a maioria dos países onde o futebol é o maior esporte.
E são estes momentos que fazem valer a pena uma Copa do Mundo (que ainda não acabou!); a reunião entre familiares, amigos, que ficam registrados no nosso cérebro, que nos fazem contar a vida do mesmo jeito que as tragédias climáticas, como aqui em Itajaí, onde citamos as grandes enchentes de 1983/1984 e, agora, as de 2008/2011, ou, lembrando por exemplo o 11 de setembro de 2001, que são fatos bem pontuais e que marcaram de alguma forma nossas vidas.
Assim também marcam as Copas do Mundo, como lembro da primeira que torci e sofri e chorei no final (voltando da casa da minha avó paterna), na Copa de 1986, ou como quando assistimos na casa da minha tia Neuza, que mora em frente onde moravam meus avós paternos Benta e Aristides (vivos à época), a Copa onde onde vi pela primeira vez o Brasil ser campeão lá nos Estados Unidos, em 1994! Como não ter isso devidamente registrado na memória?, a família toda reunida, os gritos, os gols, a comemoração em ver o país campeão no seu esporte preferido!! Impossível, né?
E é por estas e outras que gostamos do futebol! Gostamos de estar UNIDOS naqueles 90 minutos de bola rolando, conectados, como já disse, e por isso demonstro sim incredulidade quando vejo pessoas que dizem “não entender” por quê se torce tanto, se sofre tanto, “apenas por um jogo de futebol”. É exatamente porque não é apenas um jogo, é muito mais, muito maior do que “apenas” isso. Infelizmente, nem todos têm esta consciência, e acham mesmo que deveríamos sofrer mais coletivamente (citando um exemplo de dias atrás) pelas duas mortes na queda de um viaduto em BH, do que pela saída dolorida de Neymar!
Óbvio que uma coisa não tem nada a ver com a outra, como já expliquei. Tanto que se falou muito pelas duas mortes em BH, porém, é claro, não do mesmo jeito que a saída de Neymar, exatamente por serem coisas opostas.
E termino com o texto que deixei ontem no Facebook, antes da fatídica partida que nos tirou da final da Copa e que explica mais um pouco dos motivos dessa paixão humana chamada Futebol:
Daqui alguns minutos, quase TREZENTOS MILHÕES de pessoas de DUAS nações [Brasil e Alemanha] estarão UNIDAS por UM jogo, torcendo pelos ONZE jogadores da sua seleção vencer, para passar à final, onde apenas UM se sagrará campeão do mundo no esporte mais popular do terceiro planeta do Sistema Solar!
E esse prelúdio para a final acontecerá em apenas NOVENTA minutos, a começar às 17h na cidade de Belo Horizonte, na Copa do Mundo de 2014!!!!
E tem gente que ainda não entende porque milhões, bilhões de pessoas, conectam-se entre si naquela hora e meia de um esporte, torcendo, vibrando, rindo, chorando pelos seus compatriotas! Tanto que, se existir vida inteligente fora da Terra nos monitorando, acreditem, até mesmo eles estarão prestando atenção a este momento singular que acontece a cada QUATRO rotações do planetinha azul (e que terminará no próximo domingo no Maracanã)!