Archive for the ‘Cinema’ Category

A barbárie da pena de morte (e dos comentaristas de Facebook)

janeiro 24, 2015

discursos de odioO assunto da coluna desta semana (ainda em tempos de “férias de verão” apesar que a maioria esmagadora dos brasileiros já voltou ao seu trabalho normal), não poderia fugir do que foi comentário no Brasil inteiro: o fuzilamento de um brasileiro por um Estado estrangeiro, pela primeira vez, até onde sabe.

Sim, este ato também considero uma barbárie, um país que legaliza o assassinato de um ser humano, que simplesmente diz “olha, desistimos de tentar a recuperação das pessoas e vamos mandar meter a bala nelas, mesmo sabendo que o tráfico e uso de drogas continuará para, provavelmente, todo o sempre”. É exatamente isto que um país e seus governantes dizem quando apelam para a pena capital, pois se desiste do ser humano, se atinge toda uma família com a retirada do mundo de um membro seu. Sim, sim, sim, os argumentos que defendem este tipo de barbárie (que é do título desta coluna) dizem que ele, UM CARREGADOR de cocaína, acabou com outras famílias. Fora que neste caso específico, sabe-se que o DONO da droga está completamente fora de questão, e mataram apenas o carregador, ou, como se chama na linguagem popular, a “mula” que levava a droga pro país.

Não, não foi ele quem “acabou com famílias” onde membros tiveram ou teriam acesso às drogas. Se fosse pra achar um culpado, seria quem mandou aquele homem pra lá; e pros que acreditam que resolveu matar o brasileiro que carregava drogas pra este senhor que o mandou pra lá, engana-se, pois, sabemos, existe demanda, a única coisa que REALMENTE MUDARÁ, é o fato de que provavelmente o traficante (de verdade) terá de PAGAR MAIS para conseguir mandar outro para lá carregando sua droga.

E acreditem, haverá quem irá se arriscar, pois, vivemos no Capitalismo, e, no Capitalismo, somos induzidos a acreditar que simplesmente quem é rico, é melhor e vive melhor que o resto. Isto já tá quase no nosso DNA de tanto que é repetido dia-a-dia, desde que nascemos! Por isso há demanda para pessoas carregarem drogas para países onde há pena capital. E continuará havendo. Queiram vocês, leitores, acreditarem ou não, reclamarem ou não. É um fato e devemos aceitar. Assim como continuará havendo demanda para o uso de substâncias entorpecentes, e isso já acontece praticamente desde que o homem é homem. E continuará existindo. Pena de morte adianta? Não. Aumento na repressão ao combate às drogas adianta? NÃO. Nem vai. Mas, cada um ainda é livre pra acreditar no que quiser, inclusive que a pena de morte resolve alguma coisa. Como disse meu amigo vereador de Blumenau Jefferson Forest, “nenhum criminoso no planeta deixa de cometer um delito por temor à legislação, os crimes são extinguidos pela construção de valores, ligados a educação, a família e as oportunidades”.

E termino esta coluna com um trecho de um vídeo (abaixo) que deveria ser visto por todo ser humano, de preferência, uma vez a cada semestre, do filme “O Ditador” (o último discurso do Ditador, no clássico), de Charles Chaplin: “(…) Não vos entregueis a esses desumanos, homens-máquinas, com mentes de aço e corações de pedra! Não sois máquinas! Não sois gado! Homens é que sois! E levam o amor da Humanidade nas vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que nunca foram amados. Os mal-amados e desumanos. Não batalheis pela escravidão! Lutai pela LIBERDADE! (…)”.

da minha coluna no Sem Censura

https://www.youtube.com/watch?v=K2K9519Upes

Uma pequena aula de História

novembro 18, 2013

Charge-Capitalismo-Canibalqueres saber por que tu és quem és e os donos da Monsanto, Dupont, Nestlé, JP Morgan Chase, Ford, Volkswagen, GE, Sony, Wal-Mart, Carrefour, Cargill, Unilever, Bunge, Nike, Pfizer, Pepsico entre alguns outros são o que são?
assista aos primeiros 30 minutos do excelente filme “Cinzas no Paraíso” (“Days of Heaven”, no original, que terminou agora pouco no TC Cult, ganhador do Oscar em 1978, com Richard Gere) e entenda isso tudo.
0017-esbocais-capitalismocaso não consigas assistir o filme, só resumindo, mostra a vida de um super-capitalista do ano de 1916, com suas vastas e vastas terras (conseguidas como?), sua vida solitária, e a vida totalmente desgraçada dos trabalhadores (atualmente chamados de “colaboradores”) que chegam em cima de trens, dormem ao relento (passando muito frio, com neve e tudo), para trabalharem do nascer ao pôr-dos-sol — sem pausa! — e ganhar 3 dólares por dia (se um dos capangas não decidir que houve algum problema e que naquele dia não ganharás NADA). esse é o resumo desta primeira meia hora do filme. ah sim, com uma “bela” cena, ao  fim destes 30 minutos onde mostram que “o lucro dessa colheita será muitíssimo bom”.

abaixo, o trecho inicial que mostra o gado, digo, o povo indo para a senzala, digo, para o trabalho.

2010 e Lugar Nenhum

fevereiro 19, 2013

nesta semana (ontem e hoje) terminei dois livros que estava lendo. “2010 – Uma Odisseia no Espaço II” (1982), do escritor inglês Arthur C. Clarke e “Lugar Nenhum” (1996), do escritor (também) inglês Neil “Sandman” Gaiman.
as duas obras, ficções, uma científica e outra fantástica, são ótimas! 2010… é a continuação do famoso filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço, publicada em 1968 quase junto com o filme, sucesso estrondoso nos cinemas. ah sim, isso mesmo, o livro é praticamente uma continuação do FILME e não do livro, que foi escrito junto com o filme e que teve algumas diferenças entre as obras. uma das principais diferenças que vêm do livro, e não do filme, é a visão que o protagonista do primeiro livro/filme, David Bowman tem do enigmático monolito negro antes de desaparecer, o que não é mostrado no filme.
um outro fato interessante da continuação, além de ser uma baita história, diferente de muitas continuações (alguns críticos a consideram melhor que o livro que deu origem à famosa história), é que é citado, no final, uma carta de um brasileiro, do Rio de Janeiro, e que teria sido decisivo para Arthur Clarke escrever a continuação, o qual, segundo ele, não existia até então. 2010… também virou filme, mas, que não fez muito sucesso, em 1983.

neverwhere02já “Lugar Nenhum”, como diz uma crítica ao livro, é uma espécie de “Alice no País das Maravilhas” punk, e se passa na fictícia (nem tanto) Londres de Baixo, ou seja, no subterrâneo e nas linhas de metrô da capital inglesa. Gaiman faz um absurdo e divertido mapeamento e detalhamento deste mundo abaixo das ruas londrinas, povoando-a com seres que são ignorados quando vistos por alguém “de cima”, ou seja, são os excluídos do mundo, que decidiram descer e que foram apagados da história comum. mesmo quando querem, as pessoas deste mundo, quase não conseguem ser notadas, e, se o são, logo são esquecidas, como se nunca existissem.
resumindo a história, um homem comum, Richard, sem querer, consegue ver Lady Door, que está ferida, e a ajuda. com esse gesto, Richard acaba se tornando um da “Londres de Baixo”, ou seja, vira invisível e ninguém mais o vê depois disso. a partir daí, ele começa a percorrer com Door, Marquês de Carabas entre outros, a cidade de baixo para tentar encontrar os assassinos de sua família (que tinha o poder de abrir quaisquer portas, por isso, é claro, o nome dela).
“Lugar Nenhum” começou como uma história para TV (em seis capítulos), virou livro e, em 2005, foi quadrinizada (imagem acima), na linha Vertigo, da DC Comics, numa adaptação de Mike Carey.

todos os dois livros, recomendadíssimos!!!!!

“Mundos Perdidos de 2001”

dezembro 3, 2012

estou lendo, com voracidade enorme, o livro “Mundos Perdidos de 2001“, do escritor Arthur C. Clarke, que fala sobre o livro “2001 — Uma Odisseia no Espaço” e o próprio filme, no qual Arthur foi peça importante, já que escreveu o livro praticamente durante as filmagens, a pedido do diretor Stanley Kubrick. no livro aparece, inclusive, um resumido diário das filmagens, pelo autor da obra; uma das partes mais interessantes é como foi feita a cena mais famosa, a do homem-macaco descobrindo a primeira arma e, na cena, a transição mais longa do cinema, onde numa tomada, pulamos milhões de anos. a cena foi feita numa “bobiça” do próprio Kubrick, quase sem querer.
2001-monolitoalém destas boas histórias sobre as filmagens (e o nascimento da história toda), Clarke também adicionou alguns contos que deram origem ao argumento do livro/filme. e, pasmem, todos, já existiam muito antes das filmagens, que terminaram no fim dos anos 1960. um dos mais interessantes, é o “O Observador da Lua”, que é o da cena da transição, mas que no conto original, é muito mais interessante. na verdade, a história é totalmente diferente, e mostra um pesquisador extraterrestre que chega à Terra durante o Plioceno (de 2 a 5 milhões de anos atrás) e começa a estudar um grupo de hominídeos  um deles, o Moonwatcher, ou Observador da Lua (pois quando o viu, ele, diferentemente de todos os outros, estava admirando a Lua). mas, claro, não vou ficar aqui contando a história toda. 🙂
ou seja, isso tudo só mostra o quão Arthur estava a frente de seu tempo, pra ficar num clichê, como ele estava se antecipando a assuntos que só seriam usuais décadas depois.

ah, um fato interessante: segundo Clarke, o filme não levou um Oscar porque o pessoal de Hollywood achou que os macacos (da famosa cena inicial) usados no filme fossem realmente macacos. e não eram.

ah de novo: o nome HAL, o computador do filme, não é, segundo o próprio Clarke diz no livro, uma referência à empresa IBM, como se sugeriu à época (e, até hoje, é espalhado pela internet). foi só uma grande coincidência e era apenas uma sigla de algo que agora não lembro mais. porém, o boato foi mais forte que este pouco conhecido livro de Clarke (o que tenho em mãos é uma edição brasileira de 1973).

Um dos melhores filmes da história

junho 5, 2012

[tweetmeme source=”romulomafra” only_single=false]o que faz um clássico, não? dificilmente eu pararia pra assistir um filme em P&B na TCM (canal à cabo de filmes e seriados antigos), mas, estes dias, passando pelo canal, decidi ficar ali vendo um filme antigo… era só pra assistir uma parte mas, como gostei da primeira imagem que vi (deveria estar no começo, pelo que entendi, pois era a cena do encontro do protagonista — o ótimo Henry Fonda — com o ex-pastor), fui vendo mais um pouco, mais um pouco, envolvendo-me no enredo, enfim, gostando mesmo do filme, que era de 1940!
acabei por assisti-lo até o final, sem nem saber o nome dele, apenas que era sobre uma família que tinha uma boa vida (os Joad) — eram pessoas do campo — e que perdera isso tudo, suas terras, inclusive sua casa aonde moravam há mais de 50 anos para o progresso e a Grande Depressão de 1929 — a história se passa nos anos 1930. e o filme mostrava isso de forma muito forte, talvez ainda mais, por ser em preto-e-branco. e não dava pra não sentir a amargura daquelas pessoas que estavam abandonando toda uma região, onde se conheceram por gerações, pra ir tentar a sorte no “oeste”, mais especificamente, na Califórnia.
e assim a família foi viajando pelos Estados Unidos, atravessando metade do país num tipo de camionete com toda a bagagem das doze pessoas (!) que começaram a viagem, sentindo a humilhação por onde passavam, por serem “caipiras” de Oklahoma.

A mãe e o filho

interessante que o filme (de John Ford) mostra o lado miserável e implacável do crescimento do capitalismo, sendo, inclusive, em muitos momentos, um filme que mostra o lado socialista, com algumas citações interessantes, principalmente uma do final (que, descobri agora, é uma das melhores cenas da história do cinema!!), do protagonista ao se despedir de sua mãe — que tem uma interpretação fortíssima, ganhadora do Oscar, além de quaser ser o personagem principal do filme — diz:
“– Eu estarei sempre por perto, estarei em tudo. Onde você puder ver, onde houver luta para as pessoas famintas conseguirem comer, eu estarei lá. Onde houver policiais batendo num cara, eu estarei lá. Estarei nas ruas onde caras estiverem gritando como loucos. Eu estarei nas ruas onde crianças estiverem rindo quando estiverem com fome e souberem que o jantar está pronto, e quando as pessoas estiverem comendo as coisas que elas fizeram e vivendo nas casas que elas construíram — eu estarei lá, também.” (tradução minha)

enfim, pra quem ainda não sabe de que filme estou falando, é sobre “As Vinhas da Ira“, baseado no livro do estadunidense John Steinbeck — publicado apenas um ano antes de lançado o filme!
portanto, pra quem acha que filmes preto-e-branco são chatos por não terem cor ou que naquela época não se fazia bons filmes, comece por este. duvido que, se gostares realmente da arte do cinema, não se apaixonarás pela filme, pela história de “As Vinhas da Ira”.

Impressionante

maio 5, 2011

este vídeo feito por Uíra Lamour (pelo que vi, ele é de Itajaí) para um TCC.  espere carregar todo o vídeo, ligue o som, e boa viagem. 😉

QUATRO MESES SEM CULTURA EM ITAJAÍ

abril 4, 2011

[tweetmeme source=”romulomafra” only_single=false]

até quando, prefeito Jandir Bellini????????????????????

intervenção sobre quadro de René François Ghislain Magritte (1898 – 1967)

“Arte não serve para nada”

setembro 24, 2010

da Revista Bula (clique para ler na íntegra):

por Flávio Paranhos

Logo no início da ópera ‘La Bohème’ os amigos artistas Rodolfo (poeta) e Marcello (pintor) conversam sobre o clima gelado que faz em seu modesto e mal aquecido apartamento. Rodolfo, então, propõe queimar os manuscritos da tragédia na qual trabalhava para alimentar o forno. O que realmente acaba por fazer dali a pouco, já com o testemunho dos outros dois amigos, Colline, o filósofo, e Schaunard, o músico.

A primeira das 47 vezes em que vi essa cena fiquei chocado. Como pode alguém ser tão desprendido?! Sabedor do trabalho que dá gastar horas debruçado em folhas de papel (tela de computador, vá lá) para produzir algo de que se possa ter orgulho (ainda que seja o único a parecer sentir isso) morri de agonia enquanto Rodolfo e seus amigos jogavam folhas pra cima e pra dentro do forno. Mas então… a revelação. É pra isso que serve! Arte serve pra nos aquecer. Não em sentido figurado, mas literal mesmo.

Ok. Forcei. A revelação foi outra. Uma ária de ópera respondeu a velha questão (Pra que servem a arte e as humanidades?) de forma infinitamente mais objetiva e precisa do que meu artigo publicado no “Rascunho” e na “Revista Bula” (Pra que serve a literatura?), por sua vez uma tentativa de diálogo com o blog de Stanley Fish (Will the humanities save us?; The uses of humanities).

Resumindo: Fish, embora seja da área de “Artes e Humanidades”, concordava ser difícil convencer as fontes financiadoras a alocar dinheiro para essas áreas nas universidades do Estado de Nova York, em detrimento de áreas como biologia ou saúde.  Afinal, o que ganha o Estado com mais uma interpretação de Hamlet? Ou um livro de poesia? Ou um de crítica cinematográfica? Ou, pior ainda, um de filosofia moral? Nada. Absolutamente nada, acreditamos Fish, eu e mais algum bocado de seus leitores.

(…)

é hoje! audiência pública sobre cultura

julho 14, 2010

na Câmara de Vereadores de Itajaí, a partir das 18h.

Artistas de Itajaí promovem Fórum Cultural de discussões

julho 1, 2010

por e-mail:

Os artistas de Itajaí promovem no próximo domingo, dia 4, às 16h, no Instituto Canto Arte de Itajaí – IMCARTI, a quarta reunião do Fórum Cultural. Este será o quarto encontro entre os artistas no intuito de analisar, discutir e apontar mudanças na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, já que este será o tema da Audiência Pública que acontecerá na Câmara de Vereadores, dia 14 de julho, às 18h.

Vale ressaltar que é importante que todos os segmentos culturais tenham representatividade no Fórum Cultural. A cada reunião o grupo estuda a Lei e propõe soluções para que esta atenda às reais necessidades dos artistas itajaienses. Já foram deliberados diversos assuntos, porém, é fundamental que todos participem dos debates e opinem.

A próxima reunião do Fórum contará com a presença de um representante do Observatório Social de Itajaí. Na pauta de discussões estarão a Comissão de análise de projetos, os critérios de avaliação dos projetos culturais e a divisão de cotas para cada área artística.

A Audiência Pública do dia 14 de julho foi solicitada por três vereadores: Marcelo Werner, Nikolas Reis e Susi Bellini. Esta será a oportunidade que os artistas de Itajaí e sociedade civil terão de se pronunciar e lutar pela cultura de nossa cidade.

O quê? 4º Fórum Cultural de Itajaí

Quando? Dia 4 de julho, domingo, às 16h

Onde? IMCARTI – Praça 1º de Maio – Edifício Vila Real – Vila Operária

PARTICIPE! FAÇA PELA CULTURA DE SUA CIDADE!