Lendo o livro “A Saga da Família Asseburg” da professora Marlene Rotbharth (para um conto que estou escrevendo e que se passa em 1904 aqui em Itajaí), a gente lembra que esse negócio de POLARIZAÇÃO política é tão velha (provavelmente não só em Itajaí) que chegou a provocar o que ficou conhecido como o CARNAVAL SANGRENTO em 1912. Resumo o que está nas páginas 98, 99, 100 e 101 da obra.
Em 1910 havia uma campanha “Civilista” (ou seja, uma campanha para colocar um CIVIL e tirar os MILITARES do poder) e eram candidatos a presidência, Marechal Hermes da Fonseca, da situação e Rui Barbosa, da oposição. Um grupo da elite itajaiense era favorável ao Marechal, ou seja, à situação.
Nessa briga, aparece um padre que praticamente declara e pede votos para Rui Barbosa, que era favorável aos interesses da Igreja (o Marechal era maçom).
A eleição aconteceu em 1º de março e em Itajaí contou com 1001 votos! E com 511 votos aqui na cidade — e no Brasil — o Marechal ganhou, contra 490 votos para Rui Barbosa!!!
Ou seja, a cidade dividida!
E essa divisão já acontecera antes, quando havia um grupo pró-monarquia e outro pró-República.
Então, no ano seguinte, 1911, o famoso itajaiense Lauro Müller veio à cidade para FUNDIR os dois partidos. O civilista e o republicano. Só que um grupo completamente descontente com essa fusão, abandonou os festejos que aconteciam no Clube Guarany.
Daí que esse grupo (a mesma elite que apoiou o Marechal) que aparentemente tinha um BLOCO CARNAVALESCO chamado “Caraduras”, lançou no Carnaval seguinte dois carros fazendo fortes críticas a essa fusão (no domingo de Carnaval).
Daí em diante o pau comeu, literalmente, tanto que na terça de Carnaval, o grupo teve que fugir de uma saraivada de tiros da polícia por não aceitarem abandonar sua crítica, e teve gente até ferida por essa ação da polícia, fazendo a população inteira se rebelar contra a polícia.
Daí em diante esse Carnaval ficou conhecido como Carnaval Sangrento, uma “baderna” causada pela polarização entre as elites itajaienses.
Eram do grupo monarquista e que fizeram esta crítica no Carnaval: família Heusi, Felix Busso Asseburg, João Bauer Jr., Guilherme Müller, Jorge Tzaschel, José Pinto do Amaral, Ângelo Rodi, Francisco de Paula Seára e outros (conforme livro).
Por isso é importante sempre conhecer um pouco da História, pra gente não repetir certos mantras como ainda vemos hoje sobre a “polarização” que, segundo alguns, seria recente e causados por A, B ou C.